As Janelas de Bill. (CRÔNICA)

Um dia deparei-me em uma conversa sobre a informática, território que eu assumo não ter o conhecimento que gostaria. Não que eu pendure um crachá de tecnofóbico na camisa ao andar por aí. Não. Pelo simples fato de não saber nada além do essencialmente normal.
Em meio a umas curiosidades a respeito dessa epidemia mundial com um amigo meu, que por sua vez já conhecia o assunto com alguns quilômetros de avanço, disse: “Bicho! Como é que pode, uns caras ficarem bilionários com o mercado de softwares, por exemplo: o Bill Gates só inventou o Windows!” E meu amigo riu de uma maneira que me fez rir também daquele “coice” que eu dei no momento da mais pura cultura inútil que estávamos desenvolvendo. E retrucou-me zombeteiramente: “ Só o Windows Gustavo, porra?! Seguido de mais uma sessão de risadas.
Depois de um certo tempo, eu pus o tico e o teco a se comunicarem e tive uma conclusão... De fato, o Bill Gates é o tipo de personagem nessa sociedade, que podemos dizer que é “O Cara”. Imaginem como seria a dificuldade que a sociedade (lembrando que falando em termos globais), teria com essa, que mais parece uma “Exclusão” na Inclusão Digital. Mas não vou limitar essa dificuldade apenas aos desfavorecidos. Vou estender a até muitos que se dizem contemporâneos, mas, no entanto, se deparariam com muitos momentos de puro ódio à frente do ingênuo PC. O próprio nome já diz, Windows, que traduzindo à nossa língua se apresenta como “Janelas”. Ai essas janelas! O que antes era tudo escuro, como aqueles velhos monitores de tela negra e verde, abriu-se as ventanas digitais do pobre e simples Bill e espalhou seu clarão de acessibilidade pelo mundo. Ah! Não podemos esquecer que foi tal “clarão” que lhe permitiu cultivar muito “verde”; verdadeiros latifúndios na sua conta bancária. Mas fica aqui mais um excelente e muito, muito raro exemplo, ainda mais, no Brasil. O Homem dedica uma grande fatia de seu orçamento pessoal à atividades filantrópicas, já aqui, madames que nunca comeram um bom e recheado P.F. (Prato Feito) se divertem em anunciar publicamente em uma revista, que diariamente ao almoço, lhes é servido um vinho tinto que é comercializado com o valor superior aos 350 reais do salário mínimo. Que possivelmente, paga ao seu empregado que se mata lavando os seus sete Pudlles. O mais curioso é que, no caso do americano dono da Microsoft, faz ele do seu dinheiro pessoal, filantropia. Ao contrário do que praticaram a pouco, um casal representantes de uma igreja na qual agora eu não recordo o nome, que fizeram da filantropia, seu dinheiro pessoal. Mas como todos sabem, o livre-arbítrio esta aí, cada um faz da vida, do seu dinheiro, e até mesmo do capital alheio; o que quiserem; afinal de contas, corre aí um efeito colateral destas atitudes, muito bem ilustrada nesta frase do dito popular: “aqui se faz aqui se paga”, apesar de ter muita gente por aí com a sua divida à pagar, mais extensa do que fila dos postos do sistema único de saúde (SUS). Coisa que, evidentemente, a lady dona dos Pudlles não necessita; pois todos os seus “filhos” têm plano de saúde veterinário. Bons tempos aqueles onde o único animal que levava vida de gente eram os papagaios. Aqueles que dividiam espaço com os portugueses nas piadas. Hoje cães como os da madame entrevistada, têm não só planos de saúde especializados, como hotéis, SPAS, celebram aniversários e casamentos. Eventos onde é servido um maravilhoso vinho, um digno néctar dos Deuses, diferentemente do que é servido ao almoço. Este por sua vez mais caro, pois a ocasião especial exige tal preocupação do anfitrião. Pois o cão não poderia ousar em desapontar as expectativas do seu refinado amigo Maltês, ou até mesmo deixar de agradar o brigão e chato, porém, o mais rico emergente da região, o Fila Brasileiro daquele recém deputado. Bom, o meu desejo é que o casal seja feliz para sempre e claro, ricos com o meu amigo Bill! Por falar em vinho, encerrarei esse papo por aqui só para eu servir-me com um pouco de vinho Chapinha! Alguém aceita?